Logística compartilhada: Tudo o que você precisa saber!

Logística compartilhada: Tudo o que você precisa saber!

A chamada economia colaborativa, ou compartilhada, é uma tendência mundial. A criação e utilização de serviços de compartilhamento em diversos setores é cada vez maior, assim como a competitividade no segmento. Na área logística, não é diferente! Serviços deste tipo ganham cada vez mais espaço.

Como empresa atuante e sempre por dentro das principais tendências do setor, a Cobli entrevistou o coordenador do Laboratório de Aprendizagem em Logística e Transportes (LALT) da UNICAMP, Orlando Fontes Lima Junior, para te mostrar tudo o que você precisa saber sobre logística compartilhada.

Logística compartilhada
Orlando Fontes, coordenador do LALT da UNICAMP

O que é logística compartilhada?

A Logística compartilhada é baseada na economia colaborativa. Trata-se do uso compartilhado de recursos (moradia, transporte, escritório, etc) por mais de uma empresa ou por mais de uma pessoa com os mesmos interesses e necessidades, com o objetivo de baratear produtos e serviços.

De acordo com Orlando, a prática, que já é tendência nos EUA, está começando a crescer no Brasil. Para ele, “as pessoas estão saindo do conceito de que é preciso “ter” e começando a entender que o importante, mesmo, é utilizar”.

“O conceito de logística compartilhada tem um grande ganho que é o de você poder ratear custos e minimizar níveis de ociosidade no seu serviço. Um dos melhores exemplos de economia compartilhada que ajuda no entendimento do que é logística compartilhada é o Airbnb, um aplicativo onde você compartilha a casa e quartos de pessoas por determinados períodos do ano ou do dia”, explica.

Benefícios da logística compartilhada

Para entendermos quais são, na prática, os benefícios da logística compartilhada, podemos utilizar o mesmo exemplo dado pelo professor (Airbnb), porém adaptado para a área de logística.

Imagine que você tem um armazém que em determinado período fica ocioso. Durante esse tempo, você pode encontrar uma pessoa que utilize o espaço e cobrar um custo por isso. O resultado? Redução de custos com ociosidade, aumento de produtividade, entre outros.

Com frotas veiculares, o caso é o mesmo. Se você tem um carro, ônibus ou caminhão parado na garagem, porque não os colocar prestando serviços para uma outra pessoa que te pague por isso? Além dos benefícios já citados, sua empresa terá uma logística mais sustentável e ainda redução de quilômetros rodados, que resulta em diminuição de gastos com combustível, manutenção, entre outros.

A Ambev é um bom exemplo de empresa que se deu bem ao implantar a prática. A empresa, que segue esse modelo desde 2009, criou o projeto Frota Compartilhada, um programa em parceria com outras empresas para otimizar as viagens dos caminhões que distribuem os produtos das companhias e assim diminuir a emissão de CO2 na atmosfera. Só em 2015, por exemplo, a organização deixou de lançar 3 mil toneladas de gás carbônico e economizou 5 milhões de litros de óleo diesel com projetos de transporte colaborativo. Além disso, nos últimos quatro anos, as viagens colaborativas da empresa aumentaram em 210%, que incluem também o Frota Circular – projeto em que um mesmo caminhão é usado para fazer o transporte de diferentes insumos da cervejaria.

A Korin Agropecuária, pioneira na produção de frangos e ovos livres de antibióticos e com certificação de bem-estar animal, também colhe bons frutos com o uso da logística compartilhada. Em apenas 2 anos de iniciativa, a organização reduziu o impacto dos gastos com transporte em 25%.

O processo foi implantado quando a empresa adaptou os veículos de distribuição com uma divisória térmica para poder conciliar cargas secas e congeladas no mesmo caminhão. Antes, o destinatário recebia duas entregas de produtos em horários diferentes. Atualmente, a carga é entregue de uma só vez. Este modelo gerou uma economia de 30% desde sua implantação. Com o sucesso da primeira fase, a empresa passou a integrar a logística trazendo novos players para o projeto.

Para Orlando Fontes, o segredo para ter bons resultados, é entender de onde vem o principal ganho.

“Se eu empresto um carro para uma pessoa por uma semana, o valor cobrado precisa incluir todos os custos variáveis desse veículo – combustível, pedágio, gastos com pneus, entre outros – mas também preciso cobrar uma pequena parcela dos custos fixos que eu tenho como IPVA, seguro, empréstimos no banco, ou seja, ‘contas’ que eu terei que pagar independente do carro rodar ou não. É aí que está o ganho do compartilhamento de recursos. Se eu conseguir alguém que utilize o veículo nos períodos que ele está parado e que me cubra um pouco desses custos fixos, eu estarei sempre no ganho”, afirma o especialista em logística.

Como lidar com a divisão de custos da logística compartilhada?

Em qualquer modelo de compartilhamento os custos variáveis têm de ser cobertos por quem está utilizando o serviço. Portanto, essa é a parte mais fácil.

O grande “pulo do gato”, porém, é o responsável pela gestão de frotas saber como fazer a divisão dos chamados custos fixos. Segundo Orlando, a divisão pode ser feita de duas formas:

  1. Baseando-se no modelo ABC (Activity Based Costing ou, em português, Custeio baseado em atividades);
  2. Por meio de um rateio proporcional a uma determinada variável de produção.

Para explicar cada uma delas, é preciso fazer algumas com hipóteses.

Frotas

Imagine que você tem um caminhão e faz uso dele junto com outra empresa. Como falamos, os custos variáveis têm de ser cobertos por quem está utilizando o serviço.

Agora, e os custos fixos?

Vamos supor que cada um fez uso do veículo durante 15 dias no mês. A primeira forma de fazer o “rateio” é separar 50% dos custos fixos para cada um.

Uma segunda opção de divisão de custos, seria por meio dos quilômetros rodados. Ou seja, se 30% dos quilômetros que o caminhão rodou no final do mês foram dirigidos por você, então, 30% do custos fixos são seus e os 70% restantes serão do outro parceiro.

Há ainda uma terceira forma de cálculo. Segundo Orlando, a forma “mais justas” de calcular a divisão desse custo é utilizando o chamado “momento do transporte” (quantidade transportada, multiplicada por quilômetros rodados).

“No compartilhamento o veículo pode rodar vazio por muitos quilômetros ou cheio em um trecho curto. Então, dessa forma é possível medir melhor o esforço do veículo”, explica ele.

Armazéns

No caso do compartilhamento de armazéns, o modelo de cálculo é parecido. Com os custos variáveis, a divisão continua sendo a mais simples. Basta verificar a área ou cubagem que a pessoa utilizou e o número de dias utilizados e pagar o proporcional às parcelas associadas à variáveis como: aluguel do armazém, salário das pessoas que trabalham no local, etc.

O cálculo fica um pouco mais complexo se dentro deste armazém, o ‘parceiro 1’ tenha algumas atividades que aumentam a complexidade da armazenagem – por exemplo, montagem de componentes ou produtos que dão muito trabalho para empilhar –  de tal forma que uma semana de trabalho com determinado tipo de carga quase equivale, em termos de uso de mão de obra, à duas semanas de outros tipos de carga.

Nesse caso se fizermos o cálculo utilizando somente o proporcional ao tempo de utilização, o ‘parceiro 1’ vai acabar “ganhando” em cima do ‘parceiro 2’.

Em casos como esse, o que se faz é analisar as atividades e o grau de recursos necessários para determinadas atividades e fazer rateio pela técnica ABC, que é custeio baseado em atividades.

Como encontrar parceiros e aderir a logística compartilhada?

Existem basicamente dois caminhos para encontrar parceiros. O primeiro seria através de softwares disponíveis no mercado como a startup Uber Cargo, ou “Uber da Logística”, como tem sido chamado, e outros semelhantes.

Outra forma seria buscar cooperativas, sindicatos e/ou propor a um conjunto de pessoas a criação da prática de compartilhamento de um dado recurso.

“Se eu faço parte do sindicato patronal de cargas e tenho colegas que têm o mesmo problema de falta ou sobra de veículos em determinadas regiões do país, posso conversar com esses colegas e propor que eles usem meus caminhões em determinadas regiões e, em contrapartida, eu uso os deles em outras regiões”, explica Orlando.

Quais as desvantagens da logística compartilhada?

De acordo com o coordenador do Laboratório de Aprendizagem em Logística e Transportes da UNICAMP, as desvantagens surgem quando as empresas que são parceiras no compartilhamento começam a ter um volume de demanda muito grande.

“A logística compartilhada é ótima em momentos como o país está hoje, com baixos níveis de utilização das infraestruturas. Quando se tem uma parte ociosa é importante compartilhar e ratear os custos. Mas, quando uma das empresas está em plena operação e com muitas oportunidades ela começa, automaticamente, a competir com seu parceiro de compartilhamento”, explica o especialista.

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