A gestão de saneamento básico é essencial para promover a saúde pública, preservar o meio ambiente, impulsionar o desenvolvimento sustentável e melhorar a qualidade de vida das comunidades.
Segundo o Instituto Trata Brasil, quase 9 milhões de brasileiros não possuem acesso à rede geral de água, cerca de 1 milhão não possuem banheiro e 22 milhões não contam com coleta de esgoto.
Esses dados alarmantes evidenciam a importância de abordar de forma urgente a questão do saneamento básico no país.
Este texto explora as razões fundamentais que tornam a gestão do saneamento básico uma prioridade. Além disso, abordaremos as bases legais no Brasil que garantem esse direito, destacando como a tecnologia e a inovação estão transformando radicalmente o setor, impulsionando novas soluções até mesmo na logística, como a mobilidade sustentável.
Ao compreender a interconexão desses elementos, podemos vislumbrar um futuro onde a gestão do saneamento básico não apenas atenda às necessidades fundamentais da sociedade, mas também promova sustentabilidade e resiliência em escala global.
Continue a leitura!
Índice:
Por que fazer a gestão de saneamento básico?
A gestão de saneamento básico é crucial por diversos motivos, com impactos significativos na saúde pública, meio ambiente e qualidade de vida.
Confira algumas razões fundamentais para a implementação efetiva da gestão de saneamento básico:
Saúde pública
O saneamento adequado é essencial para prevenir a propagação de doenças transmitidas pela água e por vetores, como cólera, dengue e hepatite. Tratar adequadamente os resíduos humanos e a água contaminada reduz a incidência de doenças e protege a saúde da população.
Meio ambiente
A gestão adequada de resíduos sólidos e líquidos contribui para a preservação do meio ambiente. Isso inclui a prevenção da contaminação da água, do solo e do ar, promovendo ecossistemas saudáveis e biodiversidade.
Qualidade da água potável
A gestão eficiente de saneamento assegura o fornecimento de água potável de qualidade. Tratar a água para remover contaminantes e garantir sua distribuição segura é vital para prevenir doenças relacionadas à ingestão de água contaminada.
Desenvolvimento sustentável
A falta de saneamento básico pode limitar o desenvolvimento sustentável de uma comunidade, afetando a qualidade de vida e restringindo oportunidades econômicas. Uma gestão eficaz contribui para comunidades mais saudáveis, produtivas e resilientes.
Como é a gestão do saneamento básico?
A gestão do saneamento básico envolve uma série de práticas administrativas, técnicas e políticas destinadas a assegurar o acesso eficiente e sustentável aos serviços de saneamento.
Isso inclui o abastecimento de água potável, a coleta e tratamento de esgoto, a drenagem urbana, o manejo de águas pluviais e a gestão de resíduos sólidos.
Como essa gestão é implementada pode variar significativamente conforme o contexto regional, as políticas governamentais, a infraestrutura existente e os recursos disponíveis.
Conheça, a seguir, alguns aspectos fundamentais da gestão do saneamento básico:
Planejamento e políticas
- Desenvolvimento de políticas: criação de políticas públicas que estabeleçam diretrizes claras para a implementação e manutenção de sistemas de saneamento. Isso inclui legislação, normas e regulamentos que promovam práticas sustentáveis;
- Planejamento integrado: considera todos os aspectos do saneamento de forma holística, incluindo água potável, esgoto, drenagem e resíduos sólidos, visando otimizar recursos e eficiência;
- Participação pública: envolver a comunidade no planejamento e decisões relativas ao saneamento pode melhorar a aceitação e adequação dos serviços, além de promover práticas de higiene.
Implementação e operação
- Infraestrutura: desenvolvimento e manutenção de infraestrutura para captação, tratamento e distribuição de água, coleta, tratamento e disposição de esgoto, drenagem urbana e gestão de resíduos sólidos;
- Tecnologia: aplicação de tecnologias adequadas para tratamento e reciclagem de água e resíduos, considerando eficiência, custo e impacto ambiental;
- Capacitação: treinamento de profissionais para a operação, manutenção e gestão dos sistemas de saneamento, garantindo a qualidade e a sustentabilidade dos serviços.
Financiamento
- Modelos de financiamento: busca por modelos econômicos viáveis para financiar a implementação e a manutenção de sistemas de saneamento, que podem incluir tarifas, impostos, subsídios e parcerias público-privadas;
- Investimento em infraestrutura: alocar recursos financeiros adequados para a construção, expansão e renovação de infraestrutura de saneamento.
Monitoramento e avaliação
- Qualidade dos serviços: Monitoramento da qualidade da água, eficiência na coleta de resíduos e tratamento de esgoto, e avaliação da satisfação dos usuários;
- Impacto ambiental e de saúde: avaliação dos impactos dos serviços de saneamento na saúde pública e no meio ambiente, ajustando as práticas conforme necessário para melhorar resultados.
Principais bases legais que garantem o direito ao saneamento básico no Brasil
No Brasil, o direito ao saneamento básico é assegurado por um conjunto de leis e normativas que estabelecem as diretrizes para a prestação dos serviços de saneamento, visando garantir a saúde pública, a proteção do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida da população.
As principais bases legais que garantem o direito ao saneamento básico no país são:
Constituição Federal de 1988
Artigo 225: Estabelece que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Isso inclui a gestão adequada dos recursos hídricos e dos serviços de saneamento.
Artigo 200: Dispõe sobre as competências do Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho, que indiretamente se relaciona com a promoção de práticas de saneamento básico para proteção da saúde.
Lei nº 11.445/2007 (Lei Nacional de Saneamento Básico)
A Lei nº 11.445/2007 estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico, definindo os princípios básicos para a prestação dos serviços públicos de saneamento básico.
Ela abrange o abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos e drenagem das águas pluviais urbanas.
Essa Lei enfatiza a universalização do acesso aos serviços de saneamento como um direito essencial para a promoção da saúde e bem-estar da população.
Lei nº 14.026/2020
Conhecida como o novo Marco Legal do Saneamento Básico, essa lei atualiza a Lei nº 11.445/2007, com o objetivo de acelerar os investimentos e promover a universalização dos serviços de saneamento básico no Brasil.
Ela introduz mudanças importantes, como a obrigatoriedade de licitação para a escolha das empresas que prestarão os serviços de saneamento, visando aumentar a competição e a eficiência do setor.
Outras normativas e decretos
Além das leis principais, existem diversos decretos, portarias e normas técnicas que regulamentam aspectos específicos do saneamento básico, incluindo padrões de qualidade, procedimentos para licenciamento ambiental de obras de saneamento, diretrizes para o planejamento e a prestação dos serviços, entre outros.
Tecnologia e inovação no saneamento básico
A tecnologia e a inovação no saneamento básico são essenciais para promover a sustentabilidade, eficiência e eficácia dos serviços.
As novas soluções não apenas aprimoram os processos de tratamento de água e esgoto, mas também incorporam práticas sustentáveis, como a redução da emissão de CO₂ e o uso de energias renováveis.
Novas soluções para o tratamento de água e esgoto
- Nanotecnologia: aplicação de nanopartículas para a remoção de contaminantes, patógenos e metais pesados da água. Esta tecnologia oferece alta eficiência em um processo compacto e de baixo consumo energético;
- Tecnologias avançadas de oxidação: processos que utilizam radicais livres para a destruição de poluentes orgânicos refratários presentes na água e no esgoto. São técnicas eficientes para tratamento de efluentes industriais e recalcitrantes;
- Sistemas de reuso de água: tratamento avançado de águas residuais para sua reutilização em aplicações agrícolas, industriais ou até mesmo para recarga de aquíferos, contribuindo para a conservação dos recursos hídricos.
Automação e monitoramento de sistemas de saneamento
- Sensores e IoT (Internet das Coisas): uso de sensores conectados à internet para monitorar em tempo real a qualidade da água, o fluxo no sistema de esgoto e outras variáveis importantes. Esses dados permitem uma gestão mais eficiente e proativa dos sistemas de saneamento;
- Sistemas SCADA (Supervisão, Controle e Aquisição de Dados): tecnologias que permitem o controle centralizado de plantas de tratamento e redes de distribuição, otimizando operações e reduzindo custos.
Uso de energia renovável no saneamento básico
- Instalações solares em estações de tratamento: implementação de painéis solares para fornecer energia limpa e renovável para as operações de tratamento de água e esgoto, reduzindo a dependência de fontes de energia convencionais e minimizando a pegada de carbono;
- Biogás de efluentes: Aproveitamento do biogás gerado na digestão anaeróbica de lodos de esgoto como fonte de energia renovável para aquecimento, geração de eletricidade ou como combustível veicular.
Redução de CO₂ por frotas de empresas de saneamento
- Veículos elétricos e híbridos: substituição de frotas convencionais por veículos elétricos ou híbridos para realizar serviços de manutenção e operação, reduzindo significativamente as emissões de gases de efeito estufa;
- Planejamento e roteirização inteligentes: utilização de softwares de gestão de frota para otimizar rotas e reduzir o consumo de combustível, diminuindo assim as emissões de CO₂.
Estas inovações representam um avanço significativo na direção de sistemas de saneamento mais sustentáveis e eficientes, demonstrando o potencial da tecnologia para solucionar alguns dos desafios mais prementes no setor de saneamento básico.
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