Ter acesso a um sistema de ar-condicionado veicular refrescante é um conforto que muitos motoristas exigem na hora de fazer a escolha de qual veículo comprar.
Em um país tropical como Brasil, com o clima quente — principalmente no verão —, é difícil dirigir apenas com as janelas abertas e ainda assim se livrar do calor.
Existe, porém, uma questão que faz com que muitas pessoas abram mão desse conforto: o consumo do ar-condicionado veicular.
Com o aumento do preço do combustível nos últimos anos, os motoristas têm optado por não utilizar esse “luxo”, dado que o uso do aparelho acaba dificultando o controle de gasto com combustível dos veículos.
Mas será que a diferença é realmente tão grande assim? Ou isso seria apenas um mito? Para saber mais sobre o assunto, acompanhe a seguir:
Índice:
Como funciona o ar-condicionado veicular?
Antes de falarmos sobre consumo de ar-condicionado, é preciso entender como ele funciona. Ele opera a partir de um sistema de expansão e compressão de um gás, conhecido também como fluido refrigerante.
Esse gás muda de estado físico — de líquido para gasoso e vice-versa — de acordo com as condições de temperatura e pressão no interior do sistema, promovendo a troca de calor.
Um dos dispositivos mais importantes para o funcionamento do ar-condicionado veicular é o compressor, responsável por comprimir o gás, aumentando sua pressão e sua temperatura.
Feita a compressão, o gás vai para o condensador, mecanismo localizado na dianteira do veículo, onde o fluxo de vento é o mais intenso, o que permite uma troca de calor, diminuindo a sua temperatura. Isso faz com que o gás mude para o estado líquido, porém ainda sob pressão elevada.
O fluido passa então para a válvula de expansão, responsável por uma queda brusca de pressão, causando uma queda ainda maior de temperatura.
A expansão faz com que o líquido se transforme em gotículas, que passam por um sistema intrincado de tubos, responsável por resfriar o ar externo que vem do lado de fora do veículo e passa pelo exterior destes tubos.
O contato do ar externo — quente — com a tubulação — fria — gera uma troca de temperatura, que faz com que o fluido volte ao estado gasoso, reiniciando o processo do zero. As ventoinhas assopram o ar gelado para dentro do carro e o ar quente é expelido.
Como esse processo impacta no consumo de combustível?
Diante do que acabamos de falar, percebe-se que o ar-condicionado automotivo funciona a partir de um sistema que utiliza tanto energia elétrica quanto mecânica. O compressor é ligado ao motor do veículo por meio de uma correia específica, funcionando a partir dele.
Portanto, o uso do ar-condicionado impacta, sim, no consumo de combustível. Isso explica também o motivo pelo qual, ao tentar subir um morro com o ar do carro ligado, sentimos uma perda de potência do veículo.
O difícil é mensurar esse impacto, pois depende de muitas variáveis. O consumo de combustível pode aumentar entre 8 e 40% de acordo com as condições. Vamos analisar, a seguir, quais são os elementos que mais influenciam nessa variação:
Potência do motor
Motores de alta cilindrada tendem a sofrer menos com o ar-condicionado para carros ligado, afinal, como a potência é maior, ele não precisa se “esforçar” mais para que o sistema de refrigeração funcione.
Entretanto, lembre-se de que o ar-condicionado de seu carro é apenas um componente slave do motor, ou seja, seu funcionamento depende unicamente do motor do carro. É daí que vem a força para que consiga refrigerar o interior de seu veículo.
No caso dos carros menos potentes, acontece o contrário: o sistema de refrigeração exige muito mais do motor, acarretando em um consumo de combustível maior.
Segundo o blog Orca, da Chevrolet, o uso do compressor do ar-condicionado para carros exige, em sua maioria, pelo menos 2 a 3 cavalos de potência do motor para cumprir sua função. No caso dos modelos 1.0, o desempenho fica mais comprometido pelo uso.
Temperatura e umidade
Em dias quentes e úmidos, o sistema de refrigeração precisa de mais energia para conseguir reduzir a temperatura. Isso exige um esforço maior do motor e, consequentemente, o consumo de combustível aumenta.
Velocidade do ventilador
Quando o sistema de refrigeração chega próximo a zero grau, o compressor desliga automaticamente, impedindo assim o acúmulo de gelo nas tubulações, voltando a funcionar no momento em que a temperatura aumenta.
Quando o ventilador do ar-condicionado está em baixa velocidade, o ar vai circular mais lentamente, permitindo que o compressor “descanse” mais vezes. Dessa forma, o consumo será menor.
Já nos casos em que o ventilador está na velocidade máxima, quase não ocorre o acúmulo de gelo, forçando o sistema a funcionar o tempo todo, o que aumenta o consumo.
Quais as diferenças entre o ar-condicionado veicular digital e o analógico?
Hoje em dia, quase todos os carros já contam com o sistema analógico em seus modelos mais simples. Já os veículos mais caros contam com o sistema digital, que é mais moderno e garante mais conforto.
São pouquíssimas as diferenças entre os dois, sendo que a principal delas é no quesito “conforto”. O sistema digital, em regra, possui quase o dobro de ajustes de velocidade quando comparado ao analógico, além de especificar exatamente qual é a temperatura do ar.
Em relação à durabilidade, como o sistema digital é mais moderno, ele também é mais resistente do que o analógico. Sua manutenção, porém, é mais cara, com peças de valor muito mais elevado.
Por fim, como o ar-condicionado digital exige um pouco mais do motor para atingir a temperatura ideal em menos tempo, ele aumenta o consumo de combustível. Essa diferença, porém, é muito pequena em relação ao sistema analógico.
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Janelas abertas ou ar-condicionado ligado?
Diante de tudo que mencionamos aqui, você talvez esteja se questionando se vale mais a pena andar com as janelas abertas do que com o ar ligado. Mas a resposta para essa questão também depende de alguns fatores.
As janelas abertas aumentam o atrito do carro com o ar, o que também influencia negativamente no consumo de combustível, já que o motor precisará se esforçar mais para movimentar o veículo.
Para saber qual impacto é maior, devemos observar outras variáveis: a aerodinâmica, peso, tamanho e velocidade do carro, além do lugar em que está dirigindo. A melhor opção, em qualquer caso, é dirigir com as janelas fechadas e ar desligado. Mas isso nem sempre é possível, ainda mais em dias quentes.
Viajando dentro da cidade por exemplo, onde a velocidade máxima não passa dos 80km/h, pode-se deixar as janelas abertas, pois o atrito com o ar quase não afeta o consumo. Já em estradas, talvez valha a pena ligar o ar-condicionado, pois a velocidade do veículo está muito maior e o vento pode incomodar o motorista.
Carros pequenos e leves tendem a sofrer menos impacto com as janelas abertas do que os carros grandes e pesados. Logo, o consumo provavelmente será menor nestes do que com o ar-condicionado ligado.
Para resumir, é claro que o ar-condicionado veicular influencia, sim, no consumo de combustível do veículo. Por outro lado, oferece muito mais conforto e segurança do que andar com as janelas abertas. O motorista, portanto, deve colocar na balança o que ele prefere. Até mesmo porque, em alguns casos, a diferença será muito pequena entre um e outro.
Cuidados essenciais
Saber como cuidar do ar-condicionado automotivo ajuda a evitar problemas como defeitos na ventoinha, por exemplo. A seguir, confira dicas simples que podem ajudar a prolongar a vida útil do seu veículo.
Conheça seu ar-condicionado veicular
Leia o manual e entenda todos os botões e funções do seu ar-condicionado. Seguir as instruções e suas recomendações da fabricante é fundamental para o bom funcionamento do sistema e também para o ajuste da temperatura ideal.
Atente-se a sinais de umidade
Mesmo com o uso do filtro secador (responsável por reter a umidade), é possível que o reservatório encha de água e entupa. Caso isso aconteça, a umidade se espalhará pelo sistema. Para evitar isso, observe se o ar-condicionado está acumulando gotas de água na parte externa. Assim, você evita a proliferação de fungos e bactérias.
Verifique o gás refrigerante
Muitas vezes, o equipamento não parece apresentar nenhum problema, mas a redução da temperatura do ambiente não acontece. Esse sinal indica que o ar-condicionado veicular está com uma quantidade baixa de gás refrigerante. Se isso realmente acontecer, o compressor pode superaquecer. Por isso, o ideal é aplicar uma nova carga no fluido.
Confira as instalações elétricas do aparelho
É importante verificar cabos elétricos do ar-condicionado regularmente para garantir que as instalações estão bem conservadas.
Tome cuidado com o filtro de pólen
O filtro pólen impede a entrada de sujeiras e odores. Quando ele se enche de resíduos, sua função fica comprometida, pois a entrada do ar é dificultada, aumentando o consumo de combustível. Então, o ideal é fazer a troca desse item regularmente, conforme o indicado pela fabricante.
Mau cheiro também é um mal sinal
Se quando você ligar seu ar-condicionado surge um odor estranho, é possível que o condensador esteja entupido. Outro fator que causa mau cheiro é o hábito de não desligar o ar-condicionado antes de estacionar o veículo. Desligar o ar minutos antes de parar dá tempo de secar o sistema do equipamento.
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Márcio Francisco da Silva
15 de setembro de 2018 em 00:56Eu sou hiper chato quando o assunto consumo de combustível, nos meus dois veículos câmbio manual (suzuki sx4 2.0 e G.Vitara 2.0) eu sei exatamente o consumo Ambos 6km/ L(urbano) 12 Km/L rod. com ar ligado, se NÃO USAR O AR 07km/L Urb. e 14km/L Rod. ao fazer as contas a “economia” é irrisória, faço opção pelo conforto.