Ao contrário do que muitas pessoas pensam, dirigir com a marcha lenta não é a mesma coisa que manter o veículo em velocidade baixa, engatado na primeira ou na segunda. Marcha lenta, de fato, quer dizer que o carro está ligado em aceleração mínima, ou seja, com o câmbio no ponto morto.
O senso comum prega que essa prática de manter o veículo desengrenado e com o motor em baixa rotação serve para economizar combustível, mas, na verdade, isso pode ser prejudicial e, até mesmo, perigoso.
Índice:
Conduzir em ponto morto prejudica os componentes internos do veículo
Para otimizar tanto o consumo de combustível quanto o desempenho do veículo, é preciso que o motor se mantenha entre as temperaturas de 80ºC e 90ºC. Se ele estiver muito acima ou abaixo dessa média, seu funcionamento pode ficar prejudicado.
Ao manter o carro ligado, porém em ponto morto, o motor não se aquece devidamente e isso diminui a capacidade de queima de combustível. Com isso, os resíduos daquilo que não foi consumido pela combustão se acumulam nos componentes internos do motor, afetando sua performance.
A queima ineficaz também gera um acúmulo de água no catalisador — responsável por diminuir a emissão de poluentes — e no cano de descarga, diminuindo a vida útil do escapamento como um todo.
Longos períodos de marcha lenta também causam danos à caixa de marchas, pois, enquanto o carro está desengatado, a lubrificação desse componente fica prejudicada. Com o tempo, isso pode causar o travamento do sistema de câmbio e gerar um prejuízo enorme ao proprietário do veículo.
Estacionar sem desligar o motor gera desperdício
Quem pensa que deixar o carro desengatado, enquanto ele está parado, como uma forma de poupar combustível está completamente enganado. O consumo médio de um automóvel parado em marcha lenta é de 2 litros por hora.
Se o motorista tem o hábito de deixar o carro “esquentando” antes de começar a dirigir ou costuma esperar embarques, desembarques e carregamentos sem desligar o motor, isso pode gerar um desperdício de mais de 800 litros por ano.
Considerando que o preço médio do óleo diesel está em R$ 3,30 por litro, apenas um veículo pode causar o prejuízo de mais de R$ 1.500 por ano. Em uma frota, esse valor é multiplicado por dezenas de vezes.
Deixar o automóvel parado por mais de 30 segundos já consome mais combustível do que desligar e religar o motor. Essa é, portanto, uma forma simples e fácil de evitar desperdícios e poupar gastos desnecessários aos gestores de frotas.
Dirigir com a marcha lenta não economiza combustível
Além do hábito mencionado no tópico anterior, há quem pense que dirigir com a marcha lenta — principalmente em declives — é vantajoso por evitar a alta rotação do motor e economizar combustível. Mas essa informação, na verdade, é incorreta.
A injeção eletrônica possui um sistema de gerenciamento de combustível chamado de cut-off. Ele é responsável por medir a quantidade de gasolina, etanol ou diesel que deve ser injetada no motor de acordo com o esforço para movimentar o veículo.
Quando o automóvel está engrenado, mas com o acelerador em estado de repouso — em uma descida, por exemplo —, o sistema mantém o mínimo fluxo de combustível necessário por entender que a rotação do motor e a aceleração são consequências do embalo natural do carro.
Já nos casos em que o veículo está em movimento, porém desengatado, o sistema de cut-off se confunde, pois não entende que a aceleração é um processo natural da força da gravidade. Ele então injeta mais combustível por achar que o motor está exigindo isso para conseguir movimentar o automóvel.
Dessa forma, o ideal é manter o veículo sempre engatado e em velocidade constante, com rotação abaixo de 2.000 rpm. Assim, o sistema de cut-off entende que não há necessidade de aceleração e diminui a quantidade de combustível injetado, gerando grande economia.
Descer ladeiras, em ponto morto, desgasta os freios do veículo
Além de não economizar combustível, o hábito de deixar o carro em marcha lenta ao descer ladeiras é extremamente prejudicial ao sistema de freios. Enquanto o automóvel está engatado o próprio motor ajuda a manter o controle de velocidade, retirando boa parte do esforço feito pelo sistema de frenagem. Esse controle é chamado de “freio-motor” e ajuda, inclusive, na estabilidade do veículo.
Já nos casos em que o motorista deixa o câmbio em ponto morto, o automóvel é embalado pela força da gravidade e o controle de velocidade fica exclusivamente por conta do sistema de freios, o que aumenta o desgaste das peças e diminui sua vida útil.
Um par de pastilhas de freio pode custar até R$ 500 e o de discos, em média, R$ 250. Somada a isso, há ainda o conjunto de pastilhas e discos ou tambores e lonas que podem chegar a custar até R$750, além da necessidade de troca do fluído de freio. Ao total, os valores podem ultrapassar a casa dos R$ 2.000. Gasto que pode ser facilmente adiado por vários meses se o hábito de dirigir com a marcha lenta for eliminado.
Deixar o automóvel desengatado aumenta o risco de acidentes
Você provavelmente já deve ter ouvido falar de casos em que motoristas de caminhões perderam o controle do veículo por estarem dirigindo em ponto morto, não é mesmo? Isso acontece porque, como já mencionamos, a marcha engatada ajuda a manter a estabilidade do automóvel graças ao freio-motor.
Um veículo embalado, em alta velocidade, sem estar engatado, tem grandes chances de perder o controle ao acionar os freios e causar acidentes fatais. Afinal, o sistema de frenagem por si só não tem força suficiente para manter a estabilidade, ainda mais quando se trata de automóveis pesados, como caminhões e ônibus.
É preciso ter consciência e muito cuidado ao dirigir. Enquanto estamos no trânsito, os prejuízos dessa prática podem ir muito além do financeiro.
Manter o motor ligado aumenta a emissão de gases poluentes
Como se já não bastassem os prejuízos materiais que o hábito de deixar o carro parado com o motor ligado pode causar, existem ainda os estragos ao meio ambiente.
Toda combustão — seja de diesel, de gasolina ou de etanol — gera a emissão de diversos gases poluentes, entre eles, o dióxido de carbono (CO2), responsável pelo efeito estufa na atmosfera terrestre.
Só os automóveis são responsáveis por cerca de 90% da poluição nas grandes cidades brasileiras. Portanto, se cada um fizer sua parte e adquirir o hábito de desligar o motor enquanto o veículo estiver parado, estaremos prestando um grande favor ao planeta como um todo.
Para finalizar, devemos mencionar que deixar o veículo desengatado, enquanto estiver em movimento, configura infração de trânsito média, com multa no valor de R$ 130,36 e 4 pontos na carteira.
Diante de todos os prejuízos e perigos que o hábito de dirigir com a marcha lenta pode causar, fica evidente a necessidade de acabar com esse vício. Além de evitar o desgaste dos veículos, essa é uma forma de economizar combustível e garantir a segurança no trânsito!
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