Um dos tipos de produtos mais sensíveis e necessários para qualquer população, os medicamentos costumam ter uma logística bastante específica.
Não é à toa: são itens bastante sensíveis a fatores como temperatura, umidade e luz – se não forem bem transportados, os remédios podem acabar não funcionando direito, até mesmo comprometendo a saúde de quem precisa deles.
Em um país de dimensões continentais como o Brasil, com diferenças climáticas bastante expressivas, a logística de medicamentos é algo ainda mais desafiador.
Existe uma série de regras e regulamentos que os profissionais interessados em prestar esse tipo de serviço devem seguir.
Além disso, há um grande número de preocupações, etapas e boas práticas que podem ser adotadas.
Neste texto, vamos falar um pouco mais sobre a logística de medicamentos, como o transporte de remédios deve ser feito e quais são suas etapas.
Também vamos falar mais sobre a logística reversa de medicamentos e os principais desafios do setor – além de explicar como a tecnologia pode dar uma mãozinha para os gestores de frotas e motoristas envolvidos nesse ramo. Pé na tábua?
Índice:
O que é logística de medicamentos?
A área de logística de medicamentos, também conhecida como logística farmacêutica, envolve todo o caminho que um medicamento deve percorrer da fábrica até o consumidor final.
Isso envolve não só o transporte entre fornecedores e lojas, mas também o correto armazenamento e estocagem desses produtos.
Em muitos casos, isso também envolve a interação com o setor público – um dos principais consumidores e distribuidores de medicamentos do País.
Assim como muitas outras atividades logísticas, a logística de medicamentos é uma atividade controlada pelos órgãos de vigilância sanitária.
Não é à toa: uma pequena alteração nas condições de armazenamento pode alterar as características farmacêuticas de um remédio e, em vez de fazer bem, causar o mal.
Além disso, a logística farmacêutica deve se preocupar também com o tempo de armazenagem, por um motivo simples: remédios vencidos não só não funcionam, como podem representar um risco para a saúde e para o meio ambiente, contaminando o solo e a água, por exemplo.
Deu para entender porque essa área é tão importante? Agora vamos falar sobre como o transporte de remédios deve ser feito.
Como deve ser feito o transporte de medicamentos? O que diz a lei?
Hoje, não existe uma lei específica que regulamenta o transporte de medicamentos, mas sim uma série de regras de órgãos governamentais.
Entre eles, está a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que tem algumas normas que devem ser cumpridas pelos profissionais de logística – caso contrário, eles serão multados.
A principal dessas normas da Anvisa é a RDC 39/2013, uma resolução da diretoria do órgão que especifica quais são os procedimentos para a concessão de certificações para quem quer fabricar, distribuir e armazenar produtos na área da saúde.
Além das regras, é muito importante que as empresas interessadas nesse tipo de serviço tenham o apoio de um farmacêutico – profissional habilitado para identificar problemas na operação e evitar quaisquer prejuízos aos medicamentos.
Quais são as etapas da logística farmacêutica?
A logística farmacêutica possui diferentes etapas para que os medicamentos cheguem até quem precisa deles.
Obviamente, tudo começa nas fábricas, onde os produtos são feitos e embalados, em um processo que exige muito cuidado e bastante supervisão.
A seguir, os medicamentos começam a ser despachados, muitas vezes em caminhões, direto das fábricas para centros de distribuição.
Dependendo do tipo de medicamentos, os veículos precisam ser equipados com sensores para monitorar a temperatura – é algo importante para medicamentos termolábeis ou vivos, feitos a partir de substâncias biológicas.
Muitos desses medicamentos precisam de uma cadeia de suprimentos a frio, com caminhões refrigerados, normalmente funcionando entre 2°C e 8°C.
Além dos caminhões, os espaços nos centros de distribuição também precisam estar preparados para receber essa demanda.
Antes de ir às farmácias, hospitais, clínicas e postos de saúde, os medicamentos costumam ser divididos em lotes menores, alocados em centros de distribuição regional.
Não é a última etapa da distribuição: se enviados para farmácias, os medicamentos precisam ser guardados ao alcance do braço dos clientes, ou em caso de remédios controlados, de farmacêuticos.
Ainda há casos em que os medicamentos são tão sensíveis (ou há urgência em sua entrega) que os despachos são feitos via avião – que também precisa estar preparado para transportar essas cargas tão importantes.
Entretanto, não acaba por aqui: a logística de medicamentos também precisa ter um retorno para as fábricas.
É a chamada logística reversa, na qual as fabricantes também se responsabilizam pelo correto descarte dos medicamentos vendidos, estragados ou inutilizados por qualquer eventualidade.
Como funciona a logística reversa de medicamentos?
Medicamentos vencidos são algo bastante comum no Brasil: pesquisas indicam que até 40% dos brasileiros têm um remédio fora do prazo de validade em suas casas – e que pelo menos 3% dos medicamentos não são usados até a data de vencimento.
Se forem descartados incorretamente, esses medicamentos podem acabar gerando diversos estragos.
Ao serem colocados na água, por exemplo, podem acabar por contaminá-la; se forem descartados em aterros, podem também contaminar o solo.
Além disso, corre-se sempre o risco de um medicamento vencido ser ingerido por engano e, assim, causar mal à saúde de quem o tomou.
Assim, existe o compromisso das fabricantes e empresas de toda a cadeia de suprimentos da indústria farmacêutica em evitar esses problemas.
Mais do que isso, é uma obrigação dessas empresas perante o governo: desde julho de 2020, a logística reversa de medicamentos está regulamentada no Brasil.
Segundo o Decreto 10.388, de julho de 2020, cada consumidor deve levar medicamentos vencidos ou em desuso até uma farmácia, onde os produtos serão recolhidos por uma distribuidora.
Depois serão entregues até a indústria, que deverá destruir os remédios vencidos em um incinerador, uma usina de processamento ou um aterro sanitário de grau 1, controlado e homologado pelo governo.
O mesmo vale para medicamentos que ficarem vencidos em centros de distribuição ou estocagem governamental: todos devem ser recolhidos e destruídos.
Há algum tipo de veículo específico para a logística de medicamentos?
Como você pode perceber neste texto, não existe um tipo de veículo específico para a logística de medicamentos, mas sim uma série de convenções e regras que eles devem seguir.
Caminhões, aviões e até mesmo carros ou motocicletas que fazem entregas nesse setor precisam ter um preparo específico, capazes, por exemplo, de lidar com controle de temperatura.
No caso de caminhões e aviões, é importante que eles tenham um baú refrigerado, com controle de temperatura; no caso de curtas distâncias, contêineres pequenos ou caixas de isopor já são suficientes.
Portanto, se você está disposto a prestar esse tipo de serviço, deve se preparar com todo o cuidado; por outro lado, é importante lembrar que os fretes de cargas assim costumam ter valores maiores do que a média.
A logística de medicamentos deve usar rastreamento?
O rastreamento das cargas na indústria de medicamentos não é exatamente algo obrigatório, nem regulado por lei, mas é considerado uma boa prática.
Afinal, os medicamentos são cargas bastante valiosas e podem estar sujeitos a roubos ou furtos.
Além disso, como cargas sensíveis, eles podem ter problemas caso o veículo tenha alguma falha mecânica e seja necessário fazer uma parada de longa duração.
Ou seja, implementar o rastreamento de cargas na logística de medicamentos pode ajudar muito na segurança das cargas e em seu controle de qualidade.
Isso para não falar em outras vantagens do rastreamento veicular, como redução nos custos, maior confiabilidade e até mesmo previsibilidade dos serviços prestados.
Quais são os desafios da logística de medicamentos?
Ao longo deste texto, falamos bastante sobre os principais desafios da logística de medicamentos em um país como o Brasil.
No entanto, vale a pena destacar os principais pontos – serve como uma lista de tópicos para você pensar se está apto a entrar nesse setor. Vamos lá?
- Rapidez na entrega (que pode ter grande urgência);
- Cuidado com a temperatura dos medicamentos;
- Cuidado com a data de validade dos medicamentos;
- Boa estruturação de centros de distribuição;
- Implementação e ajuste fino da logística reversa;
- Boa capacidade de comunicação com os diferentes atores da cadeia de suprimentos;
- Estar apto, pelas regras da Anvisa, a prestar esse tipo de serviço.
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