A avaliação de riscos é um processo muito importante para a gestão de frota, já que possibilita a identificação de ameaças em potencial para a operação, ou seja, eventos capazes de impedir a empresa de alcançar seus objetivos.
Quando os riscos são identificados, é possível agir para evitá-los, garantindo uma operação muito mais segura e com os custos controlados. Além disso, o responsável pela frota consegue tomar decisões baseadas em dados.
Mas que riscos são esses? Como a avaliação de riscos é realizada? Quais etapas são seguidas? As respostas para essas perguntas você confere ao longo desse artigo. Continue a leitura!
Índice:
O que é avaliação de riscos?
É chamada de avaliação de risco a prática de identificar problemas que comprometam a segurança de um processo. Aqui, estamos nos referindo ao contexto da gestão de frotas, por isso os riscos avaliados incluem:
- Acidentes de trânsito;
- Roubos de carga;
- Falhas mecânicas nos veículos;
- Multas de trânsito e por irregularidades na carga;
- Aumento do consumo e custo de combustível.
Por meio de diferentes técnicas e etapas que apresentaremos em seguida, os responsáveis pela gestão da frota realizam a avaliação dos riscos.
A partir dos dados obtidos, conseguem tomar decisões mais acertadas e agir para minimizar as ameaças em potencial.
Quais as etapas da avaliação de riscos?
A ISO 31000 é uma norma da International Organization for Standardization (Organização Internacional de Normalização), considerada referência em gestão de riscos. Segundo ela, as etapas da avaliação de riscos são:
- Estabelecimento do contexto: o processo começa com a identificação dos objetivos da empresa ou setor em questão. Esse é o contexto que as etapas seguintes devem considerar;
- Identificação dos riscos: identificação dos riscos capazes de afetar os objetivos da organização ou setor;
- Análise dos riscos: avaliação da probabilidade e impacto dos riscos identificados, para definir a prioridade para as medidas de prevenção de cada um;
- Avaliação dos riscos: avaliação da eficácia das medidas de controle existentes e identificação das medidas adicionais que serão implementadas;
- Tratamento dos riscos: implementação das medidas de controle para reduzir ou eliminar os riscos identificados;
- Monitoramento e revisão: monitoramento e acompanhamento contínuo do processo de avaliação de risco, para garantir que seja eficaz e os riscos sejam gerenciados adequadamente.
Essas etapas formam uma estrutura que permite gerenciar riscos de forma proativa, reduzindo a probabilidade de impactos negativos e melhorando a resiliência da empresa.

Qual a importância da avaliação de riscos para frotas?
A avaliação de riscos para frotas é essencial para a gestão eficaz de veículos em empresas que dependem de transporte para suas operações. Algumas das principais razões para sua importância são:
Prevenção de acidentes
Identificar e mitigar riscos potenciais ajuda a prevenir acidentes, protegendo tanto os motoristas quanto os pedestres, além de minimizar os danos aos veículos.
Redução de custos
Ao avaliar riscos, as empresas podem evitar custos elevados associados a acidentes, como reparos, indenizações, e aumento no valor dos seguros. A manutenção preventiva também é uma consequência direta da avaliação de riscos.
Cumprimento legal
Muitas regulamentações exigem que empresas realizem avaliações de risco para garantir a segurança no trânsito e a conformidade com leis de transporte. Cumprir essas exigências evita multas e outras penalidades.
Proteção da reputação
Um histórico de acidentes pode prejudicar a reputação de uma empresa. A avaliação de riscos ajuda a manter um padrão de segurança elevado, promovendo uma imagem positiva da empresa.
Otimização de operações
Compreender os riscos ajuda na tomada de decisões, permitindo a otimização de rotas, a seleção de veículos mais adequados e a melhoria dos procedimentos operacionais.
Segurança dos funcionários
A segurança dos motoristas é uma prioridade, e a avaliação de riscos contribui diretamente para a criação de um ambiente de trabalho mais seguro, aumentando a satisfação e a produtividade dos funcionários.
Principais tipos de avaliação de riscos para frotas
Existem vários tipos de avaliação de riscos, com diferentes formas de identificar possíveis ameaças à operação. São métodos que facilitam o processo, ao apresentarem uma estrutura com os passos a serem seguidos.
Selecionamos 04 técnicas de avaliação de riscos bastante usadas na gestão de frotas, confira!
1. APR (Análise Preliminar de Risco)
A análise preliminar de risco (APR) faz uma verificação prévia de todas as etapas da operação, identificando possíveis riscos.
A partir disso, é possível avaliar a gravidade e a probabilidade de ocorrência de cada um, implementando medidas preventivas e corretivas.
2. 05 porquês
Não basta identificar um risco, é preciso encontrar a sua causa e a ferramenta 05 porquês ajuda exatamente nisso.
Seu objetivo é fazer perguntas sucessivas (até o limite de 05) sobre o problema para identificar a causa mais profunda.
A ideia é ir aprofundando na questão a cada porquê, por exemplo:
Problema: aumento na incidência de multas.
- Por que? Os motoristas estão ultrapassando o limite de velocidade;
- Por quê? São muitas entregas para realizar em pouco tempo;
- Por quê? A frota está desfalcada;
- Por quê? Vários carros estão na oficina;
- Por quê? As manutenções preventivas não foram realizadas.
Conclusão: a metodologia dos 05 porquês ajudou a entender que o problema com o excesso de multas tinha como raiz a falta de manutenção.
3. AAF (Análise de Árvore de Falhas)
A análise de árvore de falhas (AAF) funciona semelhantemente à anterior e visa identificar todas as possíveis causas que podem levar a um problema principal.
A técnica consiste em construir uma árvore que representa todas as possíveis combinações de eventos que podem levar à falha.
Analisando o desenho da árvore, é possível determinar a probabilidade de ocorrência de cada evento e, com isso, avaliar o risco associado ao sistema. Lembrando que tanto a falha principal quanto as consequências podem gerar riscos.
4. Checklist
Por último, um método bastante conhecido e utilizado em diferentes áreas: o checklist. Consiste em uma lista de verificação utilizada para identificar e avaliar os possíveis riscos associados a uma atividade, processo ou operação.
O checklist para frotas é uma ferramenta bastante útil, tanto para a avaliação de riscos, quanto para revisões mecânicas e outras questões de segurança. A grande vantagem é a facilidade para ser aplicada e a clareza sobre as informações obtidas.
Como fazer uma avaliação de riscos na gestão de frota?
Realizar uma avaliação de riscos na gestão de frotas é fundamental para garantir a segurança e a eficiência da operação. Algumas das etapas e práticas recomendadas para conduzir uma avaliação eficaz são:
Identifique os riscos
Comece examinando todas as atividades e processos envolvidos na gestão da frota, incluindo rotas, horários de operação, tipos de veículos e cargas transportadas.
Liste todos os possíveis riscos, como acidentes de trânsito, furtos, falhas mecânicas, condições climáticas adversas e violações de regulamentações.
Avalie os riscos
Após identificar, avalie cada risco em termos de probabilidade e impacto. Use uma matriz de risco para categorizar os riscos em níveis de severidade (baixo, médio, alto).
Com base na avaliação, priorize os riscos que precisam ser tratados primeiro, focando nos de maior impacto e probabilidade.
Faça um planejamento de mitigação
Outra forma é desenvolver e implementar ações para mitigar os riscos prioritários. Isso pode incluir treinamentos de segurança, manutenção preventiva, revisão de rotas, e instalação de tecnologias de segurança.
Utilize recursos que tornem a operação mais segura
Atualmente, existem diversos recursos tecnológicos capazes de aumentar a segurança da frota e tornar a operação mais segura. Confira alguns exemplos:
Roteirizador
O roteirizador é um sistema que define rotas para os veículos com base em critérios predefinidos. Inclusive, com a possibilidade de restringir determinados horários e regiões, evitando multas em rodízios, por exemplo.
Telemetria
A telemetria veicular é uma tecnologia que realiza diversos tipos de medições em um veículo, como velocidade, localização, frenagens bruscas etc.
Isso possibilita ao gestor de frota obter informações sobre como os motoristas estão dirigindo, tendo maior controle sobre a operação.
Videotelemetria
A videotelemetria é um passo além da telemetria. Consiste em uma câmera instalada no veículo que capta imagens internas e externas. Além disso, identifica comportamentos de risco dos motoristas, emitindo alertas sonoros.
Mais uma vantagem da captação de imagens é que elas podem ser usadas para a apuração de sinistros e investigações de ocorrências.
Afinal, hoje, a justiça já aceita esse tipo de prova, se houver garantia da sua origem, conforme determina o artigo 11 da Lei n.º 11.419/2006.
Através dessas ferramentas, a gestão de riscos atinge o próximo nível, com mais controle, dados precisos e até imagens dos veículos.
Analise os dados da operação
Mais uma vantagem de usar a tecnologia para a avaliação de riscos é o registro de dados valiosos. Dessa forma, se sabe exatamente qual é o contexto da operação, possibilitando uma tomada de decisão totalmente embasada, resultante em ações realmente efetivas.

Como implementar a avaliação de riscos na frota?
Implementar uma avaliação de riscos na gestão de frota exige planejamento, organização e a aplicação de métodos adequados para garantir a eficiência total do processo.
Para isso, é fundamental seguir alguns passos:
Planejamento inicial
Determine o que você deseja alcançar com a avaliação de riscos, como reduzir acidentes, otimizar custos ou melhorar a segurança dos motoristas.
Reúna um time multidisciplinar, incluindo gestores de frota, especialistas em segurança, e analistas de dados para conduzir o processo.
Coleta de dados e mapeamento
Colete dados sobre a operação da frota, incluindo histórico de acidentes, rotas, condições dos veículos, comportamento dos motoristas e condições das estradas.
Documente todos os processos relacionados à gestão da frota, desde a manutenção até a operação diária.
Identificação dos riscos
Envolva motoristas, gestores e técnicos em workshops para identificar riscos potenciais em diferentes áreas da operação.
Utilize ferramentas como checklists e questionários para garantir que todos os riscos possíveis sejam considerados.
Análise e avaliação dos riscos
Para cada risco identificado, avalie a probabilidade de ocorrência e o impacto potencial. Use uma matriz de risco para classificar os riscos. Com base na análise, priorize os riscos que precisam ser tratados de forma mais urgente.
Desenvolvimento de planos de mitigação
Desenvolva estratégias para mitigar ou eliminar os riscos prioritários, como a implementação de programas de treinamento para motoristas, manutenção preventiva regular, e adoção de tecnologias de segurança.
Defina um cronograma para a implementação das medidas de mitigação, alocando recursos e responsabilidades para cada ação.
Implementação de tecnologias de monitoramento
Instale sistemas de telemetria para monitorar dados em tempo real sobre o desempenho dos veículos e comportamento dos motoristas. A videotelemetria pode fornecer uma camada adicional de monitoramento com gravações de vídeo.
Implemente sistemas de roteirização para otimizar rotas e evitar áreas de risco, como regiões com alto índice de criminalidade ou congestionamento.
Treinamento e conscientização
Ofereça treinamento contínuo para motoristas e gestores sobre práticas seguras de condução e a importância da mitigação de riscos.
Crie campanhas internas para manter a equipe consciente dos riscos e das medidas que estão sendo tomadas para mitigá-los.
Como a tecnologia pode auxiliar na redução de riscos na frota?
Como vimos anteriormente, a tecnologia é essencial na redução de riscos na gestão de frotas, oferecendo ferramentas que melhoram a segurança, a eficiência e o controle sobre as operações.
Sistemas de telemetria, por exemplo, permitem monitorar em tempo real diversos aspectos do desempenho dos veículos e do comportamento dos motoristas, como velocidade, frenagens bruscas e tempo de direção.
Esses dados fornecem informações importantes para identificar práticas de condução perigosa e aplicar medidas corretivas, como treinamentos específicos ou ajustes nas rotas.
A videotelemetria, que combina a coleta de dados com imagens capturadas por câmeras instaladas nos veículos, vai além, permitindo que os gestores visualizem o contexto das ocorrências e identifiquem comportamentos de risco com mais precisão.
Essas imagens também podem ser utilizadas como evidência em investigações de incidentes, ajudando a esclarecer a responsabilidade em caso de acidentes e, assim, reduzir custos com sinistros.
Outra tecnologia fundamental é o roteirizador, que otimiza a definição de rotas com base em critérios predefinidos, como horários e regiões específicas.
Isso ajuda a evitar áreas de alto risco, como zonas de criminalidade elevada ou congestionamentos frequentes, e a respeitar restrições de tráfego, como rodízios, reduzindo as chances de multas e acidentes.
Além disso, a coleta e análise contínua de dados gerados por essas tecnologias permitem que os gestores tomem decisões assertivas, ajustem estratégias de operação e identifiquem rapidamente novas ameaças.
Dessa forma, a integração de tecnologias avançadas juntamente com a avaliação de riscos na gestão de frotas não só aumenta a segurança dos motoristas e veículos, mas também contribui para a eficiência operacional e a redução de custos.
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