Dicionário da Gestão de Frota | Conheça os termos essenciais

Lei do motorista: o que o gestor de frota precisa saber?

Lei do motorista: o que o gestor de frota precisa saber?

A lei do motorista, instituída pela Lei 13.103/2015, é um marco regulatório essencial para o setor de transporte no Brasil. Ela visa proteger os direitos dos motoristas profissionais e melhorar a segurança nas estradas.

Em 2024, o setor de transportes respondeu por 4,97% do total de reclamações trabalhistas no país, com 134.481 processos, evidenciando a importância de se cumprir as regulamentações trabalhistas para evitar litígios.

A legislação estabelece regras claras sobre jornada de trabalho, descanso e condições de saúde, contribuindo para um ambiente de trabalho mais seguro e justo.

A seguir, exploramos os principais pontos da lei do motorista e as implicações dessa regulamentação para os gestores de frotas, destacando a importância de uma gestão eficiente e o impacto da legislação na saúde, segurança e qualidade dos serviços de transporte no país.

O que é a Lei do Motorista?

A Lei do Motorista no Brasil, formalmente conhecida como Lei 13.103/2015, regulamenta a jornada de trabalho, descanso, segurança e direitos dos motoristas profissionais, especialmente aqueles que trabalham no transporte de cargas e passageiros. Essa legislação estabelece normas que promovem a segurança no trânsito e o bem-estar dos motoristas, além de assegurar a qualidade dos serviços prestados.

Conheça a seguir os principais pontos da Lei do Motorista:

Jornada de trabalho e descanso

A lei define que a jornada diária de trabalho é de até 8 horas, com a possibilidade de prorrogação por mais 2 horas extras. Estabelece também que, após 5 horas e meia de direção contínua, o motorista deve realizar uma parada mínima de 30 minutos. Além disso, garante um descanso diário de 11 horas, das quais 8 devem ser ininterruptas.

Períodos de folga

A cada semana, o motorista tem direito a pelo menos 35 horas de descanso, o que inclui o descanso semanal obrigatório, para preservar sua saúde física e mental.

Controle de jornada

Exige o registro das horas de trabalho, descanso e intervalos. Esse controle pode ser feito por meio de tacógrafos, sistemas eletrônicos ou outro meio que permita monitorar a jornada de forma precisa.

Uma opção prática para auxiliar no controle da jornada de trabalho dos motoristas é utilizar uma planilha, que pode facilitar o acompanhamento e organização das horas trabalhadas.

Exames de saúde e treinamentos

A lei também prevê que os motoristas devem passar por exames toxicológicos regulares e receber treinamento contínuo, especialmente em segurança no trânsito.

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A Lei 13.103, Lei do Motorista, é uma das legislações mais importantes para a frota.

Qual é a importância da Lei do Motorista?

A Lei do Motorista desempenha um papel crucial não apenas para o bem-estar dos motoristas, mas também para a segurança nas estradas e a eficiência dos serviços de transporte no Brasil. Entenda a seguir por que esta lei é tão importante:

Segurança no trânsito

A regulamentação das horas de trabalho e descanso busca reduzir o risco de acidentes de trânsito causados por fadiga, um fator relevante em acidentes envolvendo veículos de carga e transporte coletivo.

Saúde do motorista

O descanso adequado e a exigência de exames médicos ajudam a manter a saúde física e mental dos motoristas, prevenindo problemas como estresse, hipertensão e outras condições de saúde.

Qualidade dos serviços de transporte

Motoristas bem descansados e capacitados elevam a qualidade e a confiabilidade dos serviços de transporte, beneficiando toda a cadeia logística e os usuários de transporte coletivo.

Valorização e proteção dos direitos trabalhistas

A lei assegura direitos fundamentais aos motoristas, como o controle da jornada e o pagamento de horas extras, contribuindo para uma relação de trabalho mais justa e aumentando a motivação e o comprometimento dos profissionais.

O que o gestor de frotas precisa saber sobre a Lei do Motorista?

Para um gestor de frotas, conhecer a Lei do Motorista é essencial para assegurar o cumprimento das normas, evitar multas e garantir a segurança e o bem-estar dos motoristas. Veja os principais pontos sobre jornada de trabalho, tempo de direção e descanso que devem ser monitorados:

Jornada de trabalho do motorista

A jornada de trabalho regulamentada pela Lei do Motorista é de até 8 horas diárias, podendo ser estendida por até 2 horas extras, totalizando 10 horas em casos excepcionais. Em circunstâncias especiais, um acordo ou convenção coletiva pode permitir que essa jornada chegue a 12 horas.

Para o gestor de frotas, é essencial:

  • Monitorar as horas trabalhadas para garantir que as jornadas não ultrapassem os limites legais.
  • Registrar corretamente as horas extras e garantir o pagamento devido.
  • Ter um sistema de controle que permita acompanhar a jornada em tempo real, evitando que motoristas ultrapassem o limite sem planejamento.

Tempo de direção e descanso

A Lei do Motorista estipula limites rígidos para o tempo contínuo de direção e intervalos obrigatórios, fundamentais para evitar a fadiga e garantir a segurança nas estradas.

O motorista pode dirigir no máximo 5 horas e 30 minutos ininterruptos. Após esse período, é obrigatório um intervalo mínimo de 30 minutos. Esse intervalo pode ser fracionado em pausas menores, mas deve totalizar 30 minutos.

Para o gestor de frotas, isso implica:

  • Planejar rotas e paradas para incluir esses intervalos, especialmente em viagens de longa duração.
  • Treinar motoristas para que façam as pausas obrigatórias, mesmo que estejam adiantados no cronograma.
  • Usar tecnologias como rastreadores e aplicativos de gestão de frota que alertem sobre a necessidade de parada.

Descanso diário e semanal

O motorista deve descansar 11 horas dentro de um período de 24 horas. Esse descanso pode ser dividido, desde que 8 horas sejam ininterruptas e as demais fracionadas ao longo do dia. A cada semana, o motorista tem direito a 35 horas consecutivas de descanso, incluindo o descanso semanal remunerado.

Os gestores de frotas devem:

  • Organizar escalas de trabalho para que cada motorista tenha seu descanso diário e semanal garantido, sem sobrecarga.
  • Acompanhar o cumprimento dos descansos e ajustar horários e rotas para evitar fadiga.

Exames e controle

Além da jornada e dos períodos de descanso, a Lei do Motorista exige exames toxicológicos periódicos e o controle rigoroso das horas trabalhadas e descansadas.

Para o gestor de frotas, é importante:

  • Certificar-se de que os exames toxicológicos estejam em dia e fazer o agendamento para evitar irregularidades.
  • Manter registros detalhados das horas de trabalho, descanso e horas extras.

Mudanças recentes na Lei do Motorista em 2023

Em 2023, a Lei do Motorista passou por mudanças importantes que impactam diretamente a jornada de trabalho e o tempo de descanso de motoristas profissionais. Essas alterações foram decididas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e incluem as seguintes modificações:

Descanso diário e semanal

A jornada de trabalho diária permanece limitada a 8 horas, podendo ser estendida até 4 horas mediante acordo coletivo. O descanso obrigatório foi alterado para um período ininterrupto de 11 horas, abolindo a possibilidade anterior de fracionamento em três períodos ao longo do dia.

Quanto ao descanso semanal, agora, após seis dias de trabalho, o motorista deve obrigatoriamente cumprir 24 horas de repouso, não sendo mais permitido acumular esse descanso para usufruí-lo apenas ao fim de viagens longas.

Tempo de espera e remuneração

O tempo de espera para carga e descarga, anteriormente contabilizado de forma separada e remunerado como indenização, agora deve ser tratado como tempo de trabalho, com remuneração normal e sem contabilização como intervalo de descanso.

Essa mudança visa garantir que o tempo não produtivo seja compensado, especialmente em situações de espera longa, representando um impacto relevante nos custos operacionais das empresas de transporte.

Veículo parado durante o descanso

O STF decidiu que o tempo de descanso do motorista só poderá ser cumprido com o veículo estacionado, eliminando a possibilidade de realizar pausas enquanto o veículo está em movimento. Essa medida visa melhorar as condições de descanso e segurança dos motoristas, assegurando pausas reais ao invés de descansos superficiais.

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A telemetria veicular ajuda no controle da jornada de motoristas.

Consequências do descumprimento da Lei do Motorista

O descumprimento pode trazer várias consequências legais e financeiras para empresas e gestores de frotas, além de impactos negativos na segurança e bem-estar dos motoristas. Veja a seguir as principais consequências:

Multas e penalidades administrativas

Empresas que não cumprem a jornada de trabalho, os períodos obrigatórios de descanso ou as condições de segurança dos motoristas podem enfrentar multas trabalhistas e administrativas. A fiscalização é feita pelo Ministério do Trabalho e por órgãos de trânsito, que podem aplicar sanções severas às transportadoras que violarem as normas.

Passivo trabalhista e ações judiciais

Motoristas podem ajuizar ações trabalhistas por jornadas excessivas, períodos de descanso insuficientes ou condições de trabalho inadequadas. Isso pode gerar processos com pagamento de horas extras, indenizações por danos morais e físicos e até mesmo reparações por acidentes relacionados à fadiga.

Suspensão ou cancelamento de licenças

O descumprimento recorrente da Lei do Motorista pode resultar na suspensão ou até no cancelamento da licença da empresa para operar no transporte rodoviário de cargas, o que inviabiliza suas operações.

Aumento no risco de acidentes e perda de vidas

O não cumprimento das pausas de descanso aumenta significativamente o risco de acidentes de trânsito causados por fadiga, colocando em risco a segurança do motorista e de terceiros. Esses acidentes também podem causar perdas materiais, danos aos veículos e aumento no custo do seguro, além de possíveis indenizações.

Impacto na imagem e na reputação da empresa

O histórico de descumprimento da lei e o tratamento inadequado aos motoristas podem afetar negativamente a imagem da empresa, comprometendo sua reputação no setor e dificultando parcerias e negociações futuras. Além disso, pode prejudicar a atração e retenção de motoristas qualificados.

Como automatizar o controle da jornada?

Automatizar o controle da jornada de motoristas é essencial para garantir o cumprimento da Lei do Motorista e aumentar a eficiência das operações. Veja algumas abordagens e ferramentas para automatizar esse processo:

Sistemas de telemetria e rastreadores GPS

A videotelemetria da Cobli permite monitorar em tempo real o uso dos veículos e o comportamento dos motoristas. Sistemas de rastreamento GPS fornecem dados precisos sobre rotas, paradas, tempo de direção e descanso, facilitando o controle da jornada.

Software de gestão de frotas

Existem diversos softwares especializados em gestão de frotas, como os da Cobli, que automatizam o registro de jornada e o cálculo de horas trabalhadas. Esses sistemas são configuráveis para atender às exigências legais e podem gerar relatórios e gráficos que ajudam a avaliar a conformidade com a lei. Além disso, muitos permitem integração com sistemas de pagamento e RH, facilitando o controle financeiro e de horas extras.

Aplicativos móveis e dispositivos eletrônicos de ponto

Algumas empresas utilizam aplicativos móveis nos quais o motorista pode registrar o início e o fim da jornada, intervalos e paradas de forma simples e automática. Há também dispositivos eletrônicos de ponto que podem ser instalados no veículo e registrar os dados automaticamente, como os dispositivos ELD (Electronic Logging Device), que garantem registros seguros e reduzem a possibilidade de erros manuais.

Automação do tempo de espera e carga/descarga

Algumas plataformas oferecem monitoramento do tempo em pontos de carga e descarga, permitindo que o tempo de espera seja contabilizado automaticamente como tempo de trabalho. Isso pode ser feito por meio de sensores IoT e RFID, que registram o tempo em que o veículo permanece na doca, facilitando o cumprimento das novas regras da Lei do Motorista.

Automatizar o controle da jornada ajuda a garantir que as empresas estejam em conformidade com a legislação, reduzindo riscos legais e financeiros e promovendo um ambiente de trabalho mais seguro e eficiente.

Esta publicação te ajudou? Confira essa e outras explicações sobre questões de logística e gestão de frota no blog da Cobli.

Nina Finco

Escrito por

Nina Finco

Formada em jornalismo pela UMESP-SP e especialista em mídia, informação e cultura pela ECA/USP. Já passou pelas redações da Revista Época e do Jornal O Globo. Atualmente é responsável pela criação e edição de conteúdo sobre gestão de frotas e PMEs no blog da Cobli.

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